Seu sucesso mostra que um pouco de perseverança e força de vontade pode fazer tudo acontecer, já que o primeiro título da franquia não se deu tão bem no mercado. Então vamos descobrir um pouco da trajetória nesse especial sobre os 30 anos de Street Fighter 2.

Do storyboard para os fliperamas

O primeiro jogo da franquia Street Fighter foi lançado em 1987 e era diferente do que conhecemos por Street Fighter. No começo, as máquinas de arcade vinham com uma alavanca que podia ser direcionada em 8 direções, e dois botões hidráulicos. A ideia era simples: movimentar o personagem com a alavanca e desferir socos ou chutes com os botões, mas havia uma pegadinha. O poder dos golpes dependia da força com que o botão fosse pressionado, e isso gerava um enorme desgaste na máquina. Isso fez com que a Capcom alterasse o formato dos botões, colocando o clássico padrão visto em fliperamas, com 3 botões para socos e chutes (cada um para fracos, médios e fortes). Naquele primeiro título, os jogadores podiam escolher somente entre Ryu e Ken e com isso participar de um torneio de lutas contra os principais nomes do mundo, sendo que o grande chefão do game era o famigerado Sagat. Esse jogo também foi o responsável por criar as bases de Street Fighter, já que as lutas eram realizadas em até 3 rounds, e quem ganhasse duas vezes levava. Além disso, já haviam os golpes especiais, como o Hadouken, Shoryuken e o Tatsumaki Senpukyaku, que dependiam de uma combinação de botões e movimentos na alavanca para serem realizados. Apesar de ter boas ideias, o game não caiu nas graças dos jogadores, sendo rapidamente esquecido. Isso fez com que a Capcom mudasse o foco de produção de seus títulos, principalmente depois que os Beat’em up (aqueles jogos onde controlamos um personagem em uma tela e distribuímos pancadas nos inimigos) começaram a se popularizar, e o desenvolvimento de um novo começou. No começo, a ideia era utilizar o mundo de Street Fighter e expandir o que já havia ali, fosse adicionando novos personagens ou utilizando alguns já vistos no game original. A intenção era, inclusive, batizar o game de Street Fighter ‘89, contudo, como a gameplay seria totalmente diferente, não fazia sentido colocar o mesmo nome, assim nascia o Final Fight. O game havia roubado a cena, mas ainda haviam pessoas dentro da Capcom que queriam fazer com que Street Fighter se tornasse um grande sucesso. Para isso, eles juntaram uma equipe e a separou em grupos. Cada um deles tinha uma missão: desenvolver e criar um personagem que fosse legal o bastante para participar do game. E após meses de trabalho, os grupos apresentaram suas ideias e um elenco de 12 personagens foi montado. Cada um dos novos personagens possuía carisma e características distintas uns dos outros, o que trouxe um charme para a história que seria contada.

Street Fighter 2 no Brasil

Quando chegou no país, os jogadores olharam aquela máquina de fliperama e estranharam. Até então, o comum era ver aparelhos com 3 botões, mas Street Fighter 2 possuía 6. Contudo, com o tempo, as pessoas se acostumaram e então o pau começou a quebrar. Uma das coisas que brilhavam no game era poder jogar contra outras pessoas, sejam elas amigas ou não. Muitas amizades começaram (e acabaram) com algumas lutas no jogo. Há relatos de pessoas que deixaram de ir para a escola para jogar alguns rounds, e, apesar da má fama, os fliperamas viviam cheios. Além disso, era muito comum haver algumas maquinas nos bares e botecos do país, fazendo com que o primeiro contato com o mundo dos games ocorresse ali. A cada nova versão, uma nova legião de fãs nascia. E isso levou também à pirataria. Todo mundo queria uma parte do bolo, e então começaram a surgir versões piratas de Street Fighter 2. Elas eram chamadas, por algum motivo escuso, de Street Fighter de Rodoviária, e oficialmente eram conhecidas como Rainbow Edition. Essas versões eram mais baratas, o que facilitou com que lugares com menos poder aquisitivo adquirissem sua própria cópia do game. O grande charme da edição de rodoviária era poder lançar Hadouken teleguiado, subir a tela eternamente com o Zangief, mudar de personagem durante a luta, entre outras bizarrices.

A história de Street Fighter

Para situar você nessa data de aniversário de 30 anos de Street Fighter 2, fizemos um resumo da história: nas sombras do mundo do crime, a Shadaloo, uma organização criminosa comandada pelo maníaco M. Bison, quer implementar um regime tirano no mundo. Para que não haja resistência, eles tomam posse da organização do World Warrior, e convidam aqueles que podem vir a atrapalhar seus planos. Ao contrário do game anterior, agora são 8 os personagens jogáveis, cada um deles com sua própria motivação e vontade. O roteiro de cada um deles é distinto, e eles lutam por motivos próprios, e não só para impedir a Shadaloo. Em Street Fighter 2, deixamos de poder usar somente Ryu e Ken, que retornam à série, e agora podemos escolher outros 6 lutadores: Chun-Li, Blanka, Zangief, Dhalsin, Guile e E. Honda. A história do jogo é razoavelmente simples, mas foi expandida a cada novo lançamento e atualização. Há, inclusive, a série de games da linha Alpha, cujo objetivo é criar uma ligação entre o primeiro jogo da série, o segundo e outros games que fazem parte do mesmo universo, como Final Fight, Captain Commando etc.

Ryu – O Portador do Hadouken

Um dos lutadores de Karatê mais reconhecidos do mundo. Ele foi criado para ser uma homenagem ao famoso artista marcial japonês Mas Oyama. Ryu foi o campeão do primeiro World Warrior após derrotar Sagat em um combate de vida ou morte. Durante a luta, nosso herói sofreu uma imensa surra e acabou vencendo depois de ser dominado pelo Satsui no Hado (intenção de matar, em tradução literal), e desferir um poderoso Metsu Shoryuken, que deixou o vilão tailandês com aquela imensa cicatriz em seu peito. Ryu é um dos melhores amigos de Ken, e ambos foram treinados por Gouken. Ele possui como golpes especiais o Hadouken (uma bola de energia vital que ele solta pelas mãos), o Tatsumaki Senpukyaku (um pulo no ar seguido de uma série de giros com a perna esticada) e o Shoryuken (um potente pulo seguido de um soco que rasga o ar).

Ken – O Americano Lutador

O Norte Americano Ken sempre foi uma criança muito indisciplinada. Para lhe ensinar boas maneiras, seu pai decidiu que ele deveria ir ao Japão aprender artes marciais com um antigo amigo seu, Gouken. Lá ele conhece Ryu, e a conexão entre ambos é instantânea. Os dois passam a treinar e aprendem os segredos do estilo Ansatsuken. Junto de seu amigo, ele participa do primeiro World Warrior e é convidado para participar também do segundo torneio. Os golpes especiais de Ken são os mesmo de Ryu, o Hadouken, o Tatsumaki Senpukyaku e o Shoryuken.

Chun-Li – A Investigadora

Nossa amada Chun-Li é uma chinesa prodígio que criou o seu próprio estilo de luta. Sua vida nunca foi fácil, já que seu pai, investigador da polícia, desapareceu sem deixar vestígios. Ela então decide se juntar às forças policiais para tentar descobrir o que aconteceu com seu amado pai. Durante sua investigação, ela descobriu que a Shadaloo já havia corrompido a polícia e isso a motivou participar do World Warrior. Seu estilo de luta mistura movimentos acrobáticos com golpes do Kung-Fu e do Kenpo, além disso, ela consegue controlar o seu Ki ou energia, o que lhe permite soltar golpes especiais. Alguns dos seus movimentos favoritos são o Kikouken (uma esfera de energia arremessada em alta velocidade), o Lightning Kick (um movimento acrobático onde ela faz um movimento giratório com a perna), e o Spinning Bird Kick (um golpe acrobático onde ela fica de ponta cabeça enquanto gira as pernas).

Blanka – A Criatura da Floresta

Um dos integrantes brasileiros de Street Fighter. Na realidade, ele sofreu um acidente de avião, que caiu na floresta amazônica, o que fez com que ele tivesse que procurar meios de sobreviver sozinho. Sua vivência na floresta afetou a sua estrutura física, transformando-o praticamente em uma fera, com mãos e pés que parecem garras, além de sua pele esverdeada e cabelo alaranjado. Ele foi convidado para o World Warrior por M. Bison, já que ele queria formar um exército de grandes lutadores. Blanka tem o poder de liberar descargas elétricas, além de um corpo musculoso. Seus principais golpes são Electric Thunder (um golpe onde ele se abaixa e libera uma descarga elétrica poderosa), Rolling Thunder (Blanka dá passos para trás e depois vai girando em direção ao adversário) e, por fim, temos o Vertical Roll (similar ao Rolling Thunder, mas com um movimento diagonal ao invés de horizontal).

Zangief – O Gigante Russo

O lutador mais forte da Rússia. Ele inclusive recebeu a benção do presidente russo para lutar nos mais diversos torneios ao redor do planeta. Com o avanço dos tentáculos da Shadaloo sobre o solo russo, Zangief foi inscrito no World Warrior para dar um fim aos planos de M. Bison. No combate, Zangief é especialista em luta corporal. Ele é extremamente poderoso e consegue destruir seus adversários. Apesar de ser lento, ele usa uma mescla de movimentos de luta-livre americana e russa, e seus pilões são a marca registrada do seu estilo. Seus principais golpes são o Atomic Suplex (um golpe de luta-livre onde Zangief acerta duas piruetas com as costas do adversário no chão), o Double Lariat (uma pirueta giratória com os braços abertos), e também o Spinning Piledriver (um agarrão com um giratório que acerta as costas do adversário no chão).

Dhalsin – O Lutador do Yoga

O indiano Dhalsin é um praticante de ioga que foi reconhecido por um Deus. Graças a isso, ele consegue esticar os seus braços e pernas, o que o ajuda durante os combates. Com a bênção do deus hindu do fogo Agni, ele consegue controlar o fogo. Ele começou a participar de torneios para ganhar dinheiro para sua família, mas sua motivação mudou depois que percebeu a influência negativa da Shadaloo no mundo. Durante o combate, ele consegue desferir socos e chutes com maior alcance, já que seus membros esticam. Com a benção do deus do fogo, ele consegue utilizar o elemento para queimar seus adversários. Seus golpes são o Yoga Fire (uma bola de fogo que corre na horizontal e incendeia o adversário), o Yoga Flame (uma nuvem de fogo que fica alguns segundos no ar), e o Yoga Teleport (onde ele pode se teleportar pela tela).

Guile – O Vingador

O major da Força Aérea Americana é cunhado de Ken. Ele tinha um parceiro, Charlie Nash, que desapareceu enquanto investigava o líder da Shadaloo, M. Bison. Sua vida mudou quando percebeu que a justiça não iria punir o vilão, então abandonou seu posto na aeronáutica para poder ir à desforra. Guile utiliza golpes de diversas artes marciais misturadas com movimentos de wrestling, o que causa um dano tremendo nos adversários. No combate, ele usa o Sonic Boom (um ataque de energia que corre em grande velocidade) e o Flash Kick (uma espécie de chute para o alto que causa um corte no ar).

E. Honda – O Rei do Sumô

O orgulhoso lutador japonês de sumô E. Honda começou a lutar para fazer com que o seu amado esporte alcançasse um lugar de destaque no mundo. Ele viu o World Warrior como a grande oportunidade da sua vida. Seu estilo de luta usa movimentos de sumô, e suas principais armas são seus braços e cabeça. Um dos seus golpes característicos é o Hundred Hand Slap, onde ele gira o braço esticado rapidamente enquanto desfere diversos golpes. Além disso, ele tem o Sumo Headbutt (um pulo na horizontal seguido de uma cabeçada) e o Sumo Smash (um pulo no ar seguido de uma “bundada” em alta potência).

O Sindicato do crime: A Shadaloo

A Shadaloo é uma organização criminosa comandada pelo M. Bison situada na Tailândia. Suas principais ações são o tráfico de entorpecentes e armas. Com o tempo, eles começaram a influenciar diversas organizações policiais. Os Quatro Reis Celestiais comandam a Shadaloo. Fazem parte do grupo, além do líder, o assassino Vega, o boxeador Balrog e o lutador Sagat. O segundo evento do World Warrior aconteceu graças à Shadaloo, já que a intenção deles era juntar os melhores lutadores do mundo e transformá-los em marionetes.

Balrog – O Sobrevivente das Ruas

O boxeador Balrog nasceu nas comunidades carentes dos Estados Unidos, e isso o obrigou a sempre brigar pela sobrevivência. Ele acabou caindo no mundo do pugilismo graças a sua natureza violenta. Como ele não conseguia seguir regras, acabou expulso das organizações que regem o esporte. Como precisava de um emprego, acabou entrando para as linhas da Shadaloo, e foi subindo de posto, até se tornar segurança particular do grande chefão da organização. Como estilo de luta, ele usa golpes baixos e extremamente violentos. Seu foco é nos punhos, e durante o combate ele usa o Dash Upper (uma pequena corrida seguida de um poderoso gancho), o Buffalo Headbutt (uma cabeçada seguida de um pulo de baixo para cima) e o Turn Punch (um poderoso direto lançado depois de um giro de corpo).

Vega – O Belo Espanhol

Um assassino espanhol com um forte complexo de Édipo que surtou depois que seu padrasto matou sua mãe. Esse trauma causou uma mudança profunda em sua personalidade, o que o motivou a eliminar tudo o que ele não considerava belo. Essa vontade fez com que ele se mudasse para o Japão para aprender as artes do Ninjutsu. Eventualmente, ele acabou sendo convidado para participar da Shadaloo, e era responsável por assassinar os alvos da organização. No combate ele usa o Flying Barcelona Attack (um pulo com as garras abertas sobre o adversário), Izuna Drop (um pulo seguido de um poderoso agarrão que joga o adversário no chão) e o Sky High Claw (um ataque onde ele “voa” com o braço da garra esticado e acerta o adversário).

Sagat – O Poderoso Tailandês

Um dos principais lutadores de Muay Thai da Tailândia. Ele foi um dos idealizadores do World Warrior, já que ele queria mostrar para o mundo sua força. Porém, nem tudo correu como ele queria. Na grande final do primeiro evento, ele lutou com um desconhecido lutador japonês, Ryu. Durante o combate, Sagat estava arrebentando o jovem, mas acabou tomando um golpe extremamente poderoso no peito, que deixou a sua famosa cicatriz, e perdeu a luta. Isso o deixou extremamente frustrado, o que facilitou com que ele fosse convidado por M. Bison para participar da Shadaloo como seu Vice-Comandante. Durante as lutas, Sagat usa o Tiger Knee (uma poderosa joelhada que vai de baixo para cima), Tiger Shot (um golpe de energia em alta velocidade) e o Tiger Uppercut (um gancho seguido de poderoso pulo).

M. Bison – O grande Chefão

O poderoso líder da Shadaloo M. Bison começou na Tailândia e espalhou os tentáculos da sua organização pelos principais países, sempre corrompendo as forças policiais e espalhando destruição e caos. Seu poder é chamado de Psycho Power, que ele obteve após matar o seu mestre. Ele inventou também um aparelho chamado Psycho Drive, que absorve os poderes alheios para aumentar o dele próprio. Bison queria um super exército de soldados controlados por ele. Para obter cobaias, ele resolveu organizar a segunda edição do World Warrior, porém, seus planos foram interrompidos no final do evento por Guile, pois foi derrotado pelo soldado. Seus principais golpes são Double Knee Press (um mortal para frente que acerta com os dois joelhos), Head Press (um pulo que acerta com os dois pés na cabeça do adversário) e o Psycho Crusher (um golpe giratório envolto do Psycho Power).

Muito além de Street Fighter

A franquia da Capcom é, até hoje, um dos principais jogos de luta, ainda mais depois de ter alterado para sempre a forma como esses games são jogados. Ainda hoje, os torneios continuam em alta e as partidas de eventos como o EVO são assistidas por milhares de pessoas ao mesmo tempo. Street Fighter inovou com os diversos jogos e versões lançadas e em breve devemos receber alguma informação sobre o sexto título da franquia. Nos últimos anos, a Capcom tem publicado games de excelente qualidade, sendo considerada uma das principais desenvolvedoras do mundo, então é possível acreditar que a nova edição será de alta qualidade. E aí, gostou dessa retrospectiva breve dos 30 anos de Street Fighter 2?

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