A Tsar Bomba (que também atendia pelos codinomes russos “Ivan” e “Vanya”) é, até hoje, conhecida como a maior bomba nuclear já criada pelo homem, dotada de uma potência de aproximadamente 57 megatoneladas — ou 57 milhões de toneladas de TNT. Para fins de perspectiva: “Little Boy” e “Fat Man”, as bombas que atingiram, respectivamente, as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki durante a Segunda Guerra Mundial, traziam potência de 15 e 21 quilotoneladas (ou 15 mil e 21 mil toneladas) de TNT: o projeto soviético era 1,57 mil vezes mais poderoso que ambas. Nunca usada em situações reais de combate, a Tsar Bomba foi detonada uma única vez em toda a história humana: um teste gravado pelo governo soviético em 1961, no oceano ártico, mas todas as imagens conhecidas até aqui eram bastante granuladas e foram capturadas acidentalmente por um aeronave KC-135R modificada para fins de monitoramento, levemente impactada pela explosão que, pós detonação, gerou um raio de destruição de 35 quilômetros. O material tem aproximadamente 40 minutos de duração, dos quais boa parte dedica-se a estabelecer o panorama que levou ao desenvolvimento da Tsar Bomba: criado entre as décadas de 1950 e 1960, o artefato simbolizava todo o desenvolvimento russo da época na corrida armamentista entre EUA e União Soviética, em plena Guerra Fria. Suas dimensões também eram bem avantajadas: oito metros de altura, dois metros de largura e 27 toneladas. Seu peso era tanto que foi necessário um avião russo Tu-95-202 adaptado especificamente para a finalidade de transportá-la para o local de testes, e seu lançamento foi feito com um pára-quedas, a fim de que o percurso em queda livre não a desviasse de seu curso e atingisse outra área prematuramente. A liberação do material foi feita pela Companhia Estatal de Energia Nuclear — ou Rosatom –, o braço do governo que comanda todas as atribuições de energia nuclear (o que inclui armamentos que contenham essa atribuição) na Rússia, em comemoração ao aniversário de 75 anos do programa nuclear do país. Durante o vídeo, é possível ver um dos aviões russos envolvidos no teste retornando para casa, e o “cogumelo” de nuvem causado pela explosão perfeitamente visível ao fundo.
Tsar Bomba: rumores e conspirações
Apesar de todo o segredo pertinente ao teste, a Tsar Bomba acabou tornando-se conhecida nos registros históricos oficiais, sendo comumente referida como “Arma do Juízo Final” por alguns especialistas mais alarmistas. Embora a potência da bomba a colocasse, de fato, como a maior de seu tipo, muitas conspirações e mitos povoaram o imaginário mundial. Algumas publicações sensacionalistas da época afirmavam que o real poder da bomba de hidrogênio era de 120 megatoneladas, dizendo que, após o teste, dispositivos ainda mais poderosos estavam em desenvolvimento. Há uma certa verdade nisso pois o próprio governo russo reconheceu no passado que a intenção era a de que ela contasse com um dispositivo de fissão de urânio-238, o que a faria exceder a marca de 100 megatoneladas — mas como apenas o modelo do teste foi produzido, tal medida tornou-se impraticável pelos padrões da época. Outro boato é o de que a Tsar Bomba havia sido encomendada por Nikita Khruschev, líder do governo soviético na época, em julho de 1961, e finalizada em apenas 12 dias. Na realidade, o trabalho de construção do explosivo começou anos antes, em 1956. Hoje, sobras da carcaça de metal da Tsar Bomba estão guardadas no Museu de Armas Atômicas em Sarov, bem como no Museu de Armas Nucleares e Instituto de Pesquisa de Física Técnica da Rússia, em Snezhinsk. Veja a seguir o vídeo completo sobre a Tsar Bomba: Fonte: The Drive