De acordo com o executivo, a “guerra comercial” travada pelo presidente Donald Trump com o governo chinês, que recentemente viu serem assinadas duas ordens executivas que efetivamente proíbem empresas chinesas de processarem pagamentos digitais em solo americano (um episódio conhecido como “ban do TikTok”), deve forçar a Foxconn a procurar outros países para assegurar a saúde de seus negócios. “Não importa que seja a Índia, o sudeste da Ásia ou as Américas, sempre haverá mu ecossistema de manufatura em cada um deles”, disse Young Liu a investidores em uma conferência feita por telefone e relatada pela Bloomberg. “Mesmo que China ainda tenha um papel essencial no império fabril da Foxconn, os dias do país como ‘a fábrica do mundo’ estão para trás”. Um comunicado posteriormente emitido pela empresa, porém, disse que as palavras do CEO referem-se não a empresas específicas, mas sim a tendências macroeconômicas de mercado.

Supremacia ameaçada

A Foxconn (nome real: Hon Hai Precision Industry Co.) é mundialmente conhecida como um “hub” de fabricação de vários produtos eletrônicos comercializados no mundo inteiro: além dos já citados iPhones, a empresa também é responsável pela produção de laptops e desktops da Dell, o Nintendo Switch, diversos dispositivos da Xiaomi e, antes da Sony mudar isso para a sua estrutura interna, os consoles PlayStation 3 e PlayStation 4. Globalmente falando, a Foxconn é responsável pela produção de 30% destes e vários outros produtos fora da China (uma alta de 5% em relação à métrica avaliada em junho deste ano), mas esse valor ainda deve subir mais, uma vez que Liu confirmou à mídia que a Foxconn está procurando novos pontos de comércio por onde possa estabelecer seus produtos — as regiões nomeadas acima são alguns dos exemplos. A ideia, segundo o CEO, é fugir das sanções tarifárias impostas por Donald Trump: o presidente norte-americano vem tentando cercear a ação de empresas naturais da China em solo americano. Onde ele não pode impedir que elas atuem, ele aumenta as tarifas de importação nos produtos comercializados. Isso causou um êxodo de empresas americanas em solo chinês. Anteriormente vista como um terreno barato para custear a produção global de eletrônicos, a Foxconn, basicamente, tornou-se “cara”, fazendo com que companhias buscassem outras empresas em outros países para compensar essa escalada de preços. Dois exemplos disso são a Huawei e a Xiaomi: embora seus smartphones sejam incrivelmente populares no mercado doméstico chinês, as sanções impostas pelos EUA fizeram com que os desempenhos de seus produtos em mercados como Europa, Índia e EUA ficassem bem abaixo do esperado. A saída para a Foxconn reside em sua forte presença global: Young Liu afirmou à Bloomberg que os iPhones, por exemplo, podem ser fabricados pela empresa chinesa fora da China. A Hon Hai vem dando sinais de recuperação financeira após um prejuízo no primeiro trimestre, causado majoritariamente pela pandemia da COVID-19 e ordens de isolamento total em território chinês. Posterior a isso, porém, a demanda por iPads e MacBooks aumentou, fazendo com que a empresa tivesse aumento de sua demanda. Atualmente, os produtos da Apple correspondem a mais de 50% do faturamento da Foxconn.

Pode piorar antes de melhorar

Entretanto, o cenário não é dos mais favoráveis: além das situações estrangeiras, o mercado doméstico chinês vem mostrando competição acirrada. Em julho, a Luxshare Precision Industry firmou acordo de compra de uma planta de fabricação de iPhones adquirida da taiwanesa Wistron Corp. Enquanto a Foxconn fica encarregada dos modelos mais topo de linha dos smartphones da Apple, iPhones de entrada e intermediários serão repassados à concorrente, permitindo à Luxshare “comer” partes dos negócios de sua concorrente gigante. Finalmente, as recentes ordens executivas assinadas por Donald Trump também podem afetar as relações da Apple com a China, como um todo: um dos dois documentos efetivamente impede o app de mensagens WeChat (da gigante chinesa Tencent) de processar pagamentos online em solo americano. O problema: muitos chineses que residem nos EUA usam o WeChat para enviar dinheiro às suas famílias na China. Em uma situação onde a Apple seja forçada a remover o WeChat de sua loja de aplicativos, uma boa parcela de público deixará de “ter um motivo” para comprar um iPhone, impactando nas vendas da empresa de Cupertino e reduzindo sua demanda. Consequentemente, a Foxconn teria que produzir menos iPhones, efetivamente reduzindo o tamanho do seu negócio. Fontes: Bloomberg; Business Insider

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