A razão da varíola do macaco ser mais detectada em gays e bissexuais

É notável em dados sobre a epidemia da varíola do macaco na Europa que a doença, em sua maior parte, vem afetando principalmente homens que engajam em atividades sexuais com indivíduos do mesmo gênero — ação conhecida como HSH (homens que fazem sexo com homens) na comunidade científica. Com isso, questionamentos sobre a razão dessa doença parecer estar afetando essa parcela da população vêm surgindo. Antes de mais nada, é importante entender que a detecção e casos de doença ainda estão em uma fase muito inicial, em que existem agravantes como o fato dos sintomas específicos da condição ainda não terem sido traçados com 100% de certeza — fazendo com que muitos diagnósticos, principalmente em casos leves, acabem sendo tratados como herpes, afetando assim os números coletados de ocorrências. O certo, porém, é que a doença é transmitida por contato físico prolongado entre uma pessoa saudável com um indivíduo infectado, independentemente da orientação sexual dela. A situação, porém, aponta que infectados que se enquadram como homossexuais ou bissexuais são mais frequentes, fazendo com que eles se espalhassem com mais recorrência por essas parcelas da população. O jornal Le Monde cita especificamente o Festival do Orgulho Gay em Yumbo de Maspalomas, nas Ilhas Canárias, que teve centenas de exames positivos para a doença alguns dias após o evento, explicando que a situação é muito mais uma questão de amostragem do que algo ligado especificamente a uma parcela populacional — o que torna possível, e já vem sendo registrado no mundo inteiro, que heterossexuais contraem a doença e espalham-na em outros ambientes, mostrando que a condição não é algo atrelado a comunidade gay ou bi.

A doença não é sexualmente transmissível

Ao mesmo tempo, a publicação de vários relatórios e informes apontando a doença como algo predominante na comunidade homossexual e bissexual também começou a causar questionamentos se a varíola do macaco é ou não uma infecção sexualmente transmissível, ou IST. A resposta, pelo menos no atual momento, é negativa. O vírus chegou a ser encontrado em fluidos seminais dos infectados, mas o quão infecciosas são essas amostras ainda não foi estudado. O que se sabe, porém, é que a infecção pode ocorrer por meio de abraços, de contato prolongado com infectados, sejam pelas lesões causadas pela condição ou mesmo por superfícies e objetos em que a pessoa com a doença tenha tido contato. Porém, especialistas, como Doutor Benjamin Davido, infectologista do hospital Raymond-Poincaré, em Paris, entrevistado pelo Le Monde, afirmam que o cenário pode mudar no futuro, conforme o vírus e sua infecção forem mais estudados e mais detalhes sobre o problema apareçam.

Vacina

Lembramos também que a vacina contra a doença já existe, embora até o momento não exista previsão de sua chegada no Brasil. Países como Reino Unido e Espanha já estão aplicando o imunizante, com foco prioritário em profissionais de saúde, homens gays e bissexuais e pessoas que tiveram contato próximo com infectados — e diferentemente das vacinas atuais utilizadas contra a COVID-19, o imunizante para a varíola do macaco consegue bloquear a infecção dos imunizados, fazendo assim que nem sintomas leves apareçam neles. Como no Brasil o início da campanha de vacinação contra monkeypox ainda não tem data, a recomendação geral é ficar atento à aparição de qualquer sintoma associado com a doença, como surgimento de feridas, manchas, irritações, pústulas ou espinhas na pele, em especial na região dos genitais, do ânus, da face ou dos braços, e procurar ajuda médica o mais rápido possível. No fim, embora a gravidade da varíola do macaco, pelo menos com os dados atuais, aponte para uma questão de saúde pública menos fatal que a COVID-19, é importante que a população esteja atenta à questão e se cuide – evitando assim problemas e casos da doença e, no futuro, cooperando para que ela não seja mais um perigo mundial e nem motivo de preocupação no dia a dia das pessoas. Veja também Varíola do macaco agora é uma emergência global, declara OMS Fonte: Le Monde, Our World in Data, BBC

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