A resposta da Sony, com o PlayStation 5 e a PS Plus, foi disponibilizar junto com os jogos da Plus, um lançamento do novo console todo mês. Durante aquele período, ele pode ser resgatado de graça para os donos do console, incentivando a continuação da assinatura e podendo fazer um bom trabalho boca-a-boca, caso ele seja bom. Nesse mês de abril, o jogo presenteado para os assinantes foi Oddworld Soulstorm. O que achamos dele? Confira a seguir:

O mundo estranho de Oddworld Soulstorm

Oddworld tem seu começo no agora longínquo ano de 1997, quando Oddworld: Abbey Journey foi lançado. Contando a história de um escravo que se rebelou contra seu dono e buscou a liberação dele e de seus colegas, o jogo de plataforma onde você não podia ser encontrado por seus inimigos, e que em toda fase você deveria resolver vários puzzles, foi um sucesso moderado. Ganhou algumas sequências até ficar um tempo no limbo e ter um “remake” do primeiro jogo lançado em 2014, sendo recebido bem pela crítica e mantendo as raízes introduzidas no começo da série. Oddworld Soulstorm é mais uma forma alternativa de contar a história do segundo jogo, Abbey Exodus, de 1998, que mostra o caminho que Abbey tomou para salvar seu povo do escravocrata do primeiro jogo, e os duros sacrifícios necessários.  Ao começar o jogo, o que mais notei é o quanto a atmosfera é um tanto quanto macabra. Tudo bem que a própria temática do jogo, em si, já toma tons desconfortáveis, mas algo com Abbey e seus amigos terem um aspecto sujo, sofrido e suas vozes parecerem de crianças conseguiu me abalar. A narrativa também, que acredito que tenha muito dos mesmos tons do jogo de 1998, é bem crítica ao sistema de trabalho do mundo, com qualquer pessoa que consegue ler nas entrelinhas entendendo o que o jogo quer dizer com cada sofrimento e cada grito de “nos dê esperança, Abbey” que aparece. A brutalidade dos inimigos também é notada. Abby não pode ser visto por eles, contando com um sistema de construção de itens, de possessão de corpos de inimigos e de andar de forma quieta que constroem parte do arsenal de como passar pelos adversários, porém, um simples erro faz o personagem controlado pelo jogador ser fuzilado e, em pedaços, soltar um último pedido de desculpas para o seu povo. Mas a resposta também pode ser alterada: possuindo um inimigo, o jogador tem a possibilidade de o implodir, fazendo seus pedaços voarem pela tela.  Vendo a história do jogo, é claro que o jogador se coloca em uma situação onde cada implosão dessa assume tons satisfatórios e de revanchismo, mas o jogo quer que você ande para outro lado. Não o de conciliação, mas sim o de mudar o mundo sem perdas. Não importa que várias vezes durante o jogo seus amigos podem morrer durante as fases e o jogador punido por matar quem fez isso com eles (e também punido por terem deixado eles serem atingidos), a posição do jogo é óbvia e deixa o mundo estranho de Oddworld: Soulstorm ainda mais estranho.

Um estranho fundamento

Toda obra em qualquer mídia tem uma mensagem, independente do quão massificada ela é. Música, filmes e jogos, tudo tem algo por trás, um objetivo, um sentimento, uma posição dos criadores que pode ou não ser passada para os jogadores. É curioso quando algo é tão claro, e você descobre o quão contraditório é o criador por trás dela. Os posicionamentos dentro de Oddworld Soulstorm são obviamente críticos à cultura de trabalho e o capitalismo , mas uma breve busca pela internet pelos criadores, conhecidos como o estúdio Oddworld Inhabitants, mostra que eles na vida real fazem tudo ao contrário. Eu joguei 5 fases das 15 disponíveis no jogo, gastando cerca de 5 horas nele, e estava um tanto quanto reflexivo sobre as ideias que ele trazia. Ao procurar seus criadores, veio esse choque e uma realização que, no mundo em que estamos, ideias diferentes muitas vezes vendem, não precisando que seus criadores realmente acreditem naquilo.  Talvez eu tenha aprendido uma lição depois de Oddworld Soulstorm, e por isso eu o recomendo.

Conclusão

Oddworld Soulstorm é um jogo que se destaca mais pelas ideias e pensamentos que apresenta do que pela sua jogabilidade, tanto é que eu não consegui falar muito de fases ou level design durante a construção desse texto. Muitos dos que o jogarão provavelmente não se importarão com a dissonância entre criador e obra, então, no final, analisando somente o produto, temos um jogo minimamente interessante, mas que com certeza não é um título que irá definir a história dos consoles onde ele está disponível. Considerando que esse começo de geração não está contando com grandes títulos, sendo um dos principais títulos disponíveis um remake de um jogo de 2009, não vai ser com Oddworld que a novidade de novas tecnologias será saciada. Oddworld Soulstorm está disponível de graça, durante todo o mês de abril, em sua versão para PS5 para assinantes da PS Plus. Quem quiser a versão de PS4 ou não tem a assinatura, pode o adquirir na PlayStation Network por R$245,90.

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