Ao todo, 2677 empresas do estado receberam um investimento somado de US$ 2,4 bilhões – um número maior do que a soma de todos os investimentos recebidos por startups da Colômbia (que receberam no total US$ 1,2 bilhões em aportes), México (US$ 577 milhões em aportes), Argentina (US$ 184 milhões) e Chile (US$ 45 milhões). O número fica ainda mais impressionante quando voltamos para um ano antes, e vemos que desde 2018 as startups paulistas receberam mas de US$ 4 bilhões em aportes de investidores. Para Tiago Ávila, líder de inteligência de mercado no Distrito, esses números só mostram a força do estado na América Latina, e deixam claro que São Paulo possui um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de uma startup do que muitos países inteiros.

As startups pelo estado

Atualmente, o estado de São Paulo é dividido em cinco grandes pólos de inovação, concentrados na própria capital e também em Campinas, Barueri, Ribeirão Preto e São José dos Campos. A maior concentração de empresas está mesmo na capital, que conta com 70,8% de todas as startups do estado, enquanto a soma dos outros quatro principais pólos responde por 13,1% delas – o que significa 83,9% de todo mercado de inovação está concentrado em apenas quatro dos 645 municípios existentes no estado. E, mesmo quando falamos apenas da capital, também é possível notar uma concentração em dois bairros específicos, com o Itaim-Bibi servindo de base para 358 startups e o bairro de Pinheiros abrigando outras 207, somando-se ao todo 565 empresas deste tipo entre eles. Quando comparamos este valor com os dados da StartupBase, que indicam existir ao todo 2670 startups na cidade de São Paulo, isto quer dizer que cerca de 21% (ou seja, mais do que um quinto) de todas as empresas do tipo que existem na cidade estão concentradas em apenas dois bairros. Já ao analisarmos o eixo de atuação de cada uma dessas startups, a maioria delas fazem parte do setor financeiro (companhias que também são conhecidas como fintechs), com 362 empresas. Logo atrás delas estão as startups que atuam no mercado de marketing e publicidade (as adtechs) com 315 empresas, seguidas então por plataformas na área de saúde (225), educação (211) e varejo (165). O levantamento também mostrou que este não é um mercado igualitário no quesito de gênero: na sua esmagadora maioria (82,9%) o perfil do empreendedor que atua na posição de sócio nessas startups é um homem com idade média de 40 anos, e entre as cidades analisadas a que possui maior quantidade de mulheres encabeçando essas empresas foi Ribeirão Preto, que conta com apenas 23,3% dos sócios dessas startups como alguém do sexo feminino – uma porcentagem bem baixa, considerando-se que, de acordo com os dados dos último censo, as mulheres constituem cerca de 51% de toda a população brasileira.

O país dos unicórnios

Conhecido pelo senso comum como o animal mitológico que se assemelha a um cavalo que possui um chifre do meio da testa, no mercado de startups o termo “unicórnio” foi criado pela investidora Aileen Lee, do fundo americano Cowboy Ventures, para descrever as startups que alcançam um valor de mercado de pelo menos US$ 1 bilhão pois, assim como os unicórnios da mitologia, estas também são “criaturas” raras e mágicas. Atualmente, existem dez startups brasileiras que podem ser consideradas como unicórnios: 99 (app de transporte), Nubank (fintech), Arco Educação (soluções educacionais para o ensino básico), Movile/iFood (app de delivery), Stone (máquina de cartões), Gympass (serviço de assinatura para academias), Loggi (serviço de motofrete), QuintoAndar (solução para o mercado imobiliário), Ebanx (processamento de pagamentos) e WildLife (desenvolvedora de jogos). Mas apesar dos diferente ramos de atividade, algo em comum entre todas elas é que já possuem atuação em praticamente todas as regiões do Brasil (ou, em alguns casos com a da Gympass, até mesmo em outros países) e o fato de que todas só se tornaram unicórnios após receberem grandes aportes financeiros de investidores. 

Importância do aporte

Este tipo de aporte financeiro é muito importante para que os empreendedores possam tirar suas ideias do papel e criar suas empresas com sucesso. Isto acontece porque, principalmente nos primeiros anos de um negócio, é praticamente impossível uma startup conseguir empréstimos bancários – e, mesmo quando consegue, os juros costumam ser tão elevados que simplesmente não é viável começar o seu negócio com uma dívida tão grande, que servirá sempre como uma “âncora” para o crescimento desta empresa. E é exatamente para evitar esse endividamento precoce que os aportes financeiros são tão importantes para as startups, pois cria uma outra forma de levantar fundos de investimentos sem depender de empréstimos bancários. Conseguidos em rodadas de investimentos de eventos específicos para este tipo de financiamento, esses aportes são proporcionados tanto por investidores como pessoa física (normalmente milionários) quanto por corporações que possuem interesse nas inovações implementadas pelas startups (como, por exemplo, a Softbank, que tem um histórico de investir pesado em fintechs). Essas pessoas e grupos que injetam dinheiro são comumente chamados de “investidores-anjo” porque, ao contrário do banco, não exigem o pagamento em espécie do investimento feito, mas apenas receber parte do lucro ou uma certa porcentagem em ações da empresa. Esta prática é beneficial para todos os envolvidos: enquanto as startups recebem uma quantia em dinheiro necessária para ampliar e melhorar seus negócios – além de, muitas vezes, também ganhar aconselhamento e consultorias gratuitos daqueles que investem neles – os investidores-anjo podem garantir uma parcela dos lucros no caso do negócio dar certo, mas sem se envolver de forma direta e colocar seus bens pessoais em risco no caso do negócio dar errado. Esses aportes funcionam quase que como uma “aposta”, pois o investidor pode rapidamente dobrar ou triplicar o dinheiro investido, ou então perder tudo em uma empresa que vai à falência. Com a diferença de que, se você tiver uma equipe que consegue analisar bem o mercado e projetar como uma startup pode influenciar ele, é possível transformar esta atividade de investir em novas empresas em uma enorme fonte de renda, e muito milionários e bilionários têm aumentado suas fortunas com esta prática – como é o caso de Mike Markkula, empresário que viu sua fortuna aumentar exponencialmente após ser o primeiro a investir no sucesso da Apple.

Investimento nos tempos do COVID-19

Como é possível esperar, há um certo receio sobre como será o futuro do mercado de startups após a pandemia de COVID-19, já que diversos negócios estão sendo afetados pela necessidade de adoção de medidas preventivas para se conter a proliferação do vírus, como as quarentenas. Mas, pelo menos por enquanto, as startups não parecem ter sido afetadas – pelo menos não quando falamos em nível de investimento. Isto porque os dados coletados pelo levantamento feito pelo Distrito mostra que o investimento feito a startups nos primeiros três meses de 2020 se manteve equivalente ao ano de 2019. Além disso, números preliminares de abril indicam que essas empresas já captaram US$ 129 milhões em investimentos apenas este mês, o que é um indicativo de que a pandemia ainda não afetou a capacidade de angariar fundos delas. Mesmo assim, Ávila acredita que a crise do novo coronavírus deverá mudar os critérios desses aportes. Para o analista, o montante de investimentos não deve diminuir (já que esses valores já estão capitalizados) mas os investidores deverão diminuir a procura por novos negócios, focando seus aportes em empresas que já fazem parte de seus portfólios, a fim de garantir que a crise não as prejudique. Fonte: Exame, StartupBase, StartSe, Ace Startups

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