Esse reforço parte de uma discussão recente sobre a abordagem da empresa na hora de lidar com informações enganosas. Em fevereiro, o Twitter implementou um novo tipo de aviso para mídia sintética e manipulada que a plataforma considerasse ter potencial para “causar danos”. A ideia é que esses avisos ajudassem os usuários a checar a autenticidade do conteúdo veiculado na rede social e fornecessem contexto adicional. Em maio, a empresa implementou um recurso parecido para tweets relacionados à COVID-19 para combater a onda de desinformação relacionada à pandemia. Tanto que aqui no Brasil, no final de março, o Twitter chegou a excluir postagens do presidente Jair Bolsonaro relacionadas à COVID-19. Bolsonaro havia compartilhado uma série de vídeos que o mostravam visitando comerciantes do Distrito Federal, o que gerou aglomerações. As publicações também mostravam o presidente visitando populares do DF e defendendo o uso da medicação cloroquina para combater o novo coronavírus. Em nota ao jornal Folha de São Paulo, a rede social informou que havia expandido suas regras de segurança para abranger conteúdos que fossem, eventualmente, contra informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e que pudessem colocar as pessoas em maior risco de transmitir a COVID-19. No final de maio, o Twitter classificou duas publicações do presidente dos EUA, Donald Trump, como “mídia manipulada”. A rede social incluiu um alerta de desinformação nos tweets de Trump, que afirmavam que votações por correio comprometiam a validade de uma eleição. Alguns dias depois, o presidente dos EUA assinou um decreto que diz que as grandes empresas de tecnologias devem ser responsabilizadas pelos conteúdos que os usuários publicam. Agora a Administração Nacional de Telecomunicações e Informações dos EUA deve analisar a ordem executiva e apresentar medidas para regulamentar o Twitter e outras plataformas digitais.

Esclarecimentos sobre as políticas para combater desinformação

A página Twitter Safety publicou uma thread (ou “fio”, como é dito na rede social, que é uma sequência de tweets sobre um tema) em que presta esclarecimentos sobre as políticas de segurança atuais e o contexto que levou a empresa a atualizá-las. “Tem havido muita conversa sobre as ações do Twitter recentemente. Nós queremos dar um passo para trás e compartilhar os princípios que usamos para empoderar o debate público saudável por meio do nosso produto, políticas e ações”, explica o primeiro tweet da thread publicada pelo Twitter Safety. A primeira coisa que a página faz é citar os princípios que guiam o Twitter na curadoria de conteúdos saudáveis, que são:

Diminuir o potencial de “causar danos”;Diminuir vieses preconceituosos;Diminuir a confiança na remoção de conteúdo;Aumentar a diversidade de perspectivas;Aumentar a responsabilidade pública.

O Twitter Safety ressalta que os princípios que guiaram a atualização das políticas de segurança para combater a desinformação partiu do feedback dos usuários. Isso porque no final de 2019, a empresa fez uma espécie de consulta pública com os usuários da rede social sobre como a empresa devia lidar com essa questão. De acordo com o Twitter, os principais pontos do feedback que nortearam as novas políticas de segurança foram:

O Twitter não deve determinar a veracidade dos tweets;O Twitter deve oferecer contexto para ajudar as pessoas a formarem suas opiniões quando o conteúdo de um tweet causar discórdia.

A página ressaltou, também, que o Twitter prioriza tweets que considera terem potencial maior para “causar danos”. O foco das políticas de segurança, no momento, está em: mídia sintética ou manipulada, integridade cívica e COVID-19. Tipos de danos, alcance e escala também são levados em conta, segundo o Twitter Safety. Na prática, se a empresa considerar que a mídia compartilhada num tweet foi alterada ou fabricada de maneira enganosa, pode tomar as seguintes ações:

Aplicar um aviso ao tweet (como aconteceu com o presidente Donald Trump);Mostrar um aviso antes que as pessoas compartilhem ou curtam o tweet;Reduzir a visibilidade do tweet e/ou impedir que seja recomendado;Fornecer explicações ou esclarecimentos adicionais disponíveis, como uma página com mais contexto.

Os avisos direcionam as pessoas a uma página de curadoria do Twitter ou para outra fonte confiável contendo informações adicionais à afirmação feita no tweet. No caso da COVID-19, por exemplo, os alertas informam as pessoas, antes que elas visualizem o tweet, que a informação ali contida é conflitante com as orientações de especialistas em saúde pública. De acordo com o blog oficial do Twitter, as políticas de segurança da empresa contra desinformação prevêem medidas com base em três categorias:

Informações enganosas: Declarações ou afirmações que tenham sido confirmadas como falsas ou enganosas por especialistas no tema em questão;Afirmações questionáveis: Declarações ou afirmações cuja precisão, veracidade ou credibilidade é genuinamente contestável ou desconhecida;Afirmações não confirmadas: Informações (que podem ser verdadeiras ou falsas) que ainda não foram verificadas e confirmadas no momento em que são compartilhadas.

A thread do Twitter Safety também apontou que existem abordagem e princípios específicos sobre o conteúdo publicado e compartilhado por líderes mundiais (por exemplo: presidentes). A página diz que a empresa acredita que é importante as pessoas poderem ler e falar sobre o que os líderes mundiais dizem, por mais que o conteúdo viole as regras da plataforma.  “Se um tweet de um líder mundial violar as Regras do Twitter mas houver um claro interesse público em mantê-lo na plataforma, nós o colocaremos atrás de um aviso que trará contexto sobre a violação e permitirá que as pessoas cliquem e vejam o conteúdo se assim desejarem”, explica o post do blog oficial do Twitter. Mas se a violação for enquadrada como muito grave nas regras da plataforma, o conteúdo é excluído. Fontes: Blog oficial do Twitter e página Twitter Safety

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